sexta-feira, 3 de abril de 2009

e o comment virou post again ou texto sem pé (nem corpo-cabeça)

a adolescência se perpetua na cultura, somos uma cultura em plena puberdade... mil crises, conflitos, contradições e buscas de sentidos... mil erros grotescos e paixões arrebatadoras... o deslumbre e o assombro com o mundo e a história da humanidade, ou o que se vai sabendo dela...  

todo dia olho em volta pra tentar me ver. 
me assusto com isso de ter gente em toda parte e acho mesmo que não cabe mais ser humano no planeta, que uma hora vai explodir. e acho que a política é uma instituição falida assim como anda, e o pensamento consumista tomou conta das mentes, das ruas, dos edifícios...
pensamentos de vida urbana. 
quando saio de ônibus e metrô sinto que a sede e a cegueira estão impregnadas nas paredes, no ar, no barulho, na moda...

hoje entrei numa loja em promoção procurando um sapato confortável de verdade (será impossível??). dei uma olhada geral e perguntei pro atendente simpático-patético: "tem algum sapato sem salto?" ele tentou entender estranhando minha pergunta e, depois de alguns esclarescimentos, me levou até uma prateleira onde sim, haviam sapatos sem salto. olhei cada um e todos me pareceram o mesmo e todos com uma espécie de bico fino ou de ponta pequena, que claramente aperta demasiado. agradeci e comentei sutilmente me fazendo ouvir: "essa coisa de moda deixa tudo igual em todo canto..." (algo assim). e ele riu. foi bom ter visto alguma reação dele. sinal que ouviu. e se surpreendeu. ou até concorda.
saí meio triste, meio de mau humor... meio sem lugar, assim tão simples: não tem lugar pro meu pé no mundo. meu pé tem que pisar da maneira que dita o mercado e a moda. não é estranho isso?
queria um sapato não só que não apertasse mas que me ajudasse a abrir meus dedos. 
meus dedos do pé querem voar. 
isso é sério.
por umas dessas que resolvi um dia fazer dança. e agora to na peleja de retomar, pra sobreviver melhor e ficar menos triste com a humanidade. (um dia eu conto porque parei de dançar, essa é uma outra e grande história).

queria um sapato que fosse como um grande chão de madeira
e em cima o vasto ar

(esse sapato é pra usar sem meia)

2 comentários:

Mariana Camarote disse...

Quando voltar a dançar me avisa! gostava de ver seus movimentos. bjos Mari Camarote

Anahí disse...

mari, agora me emocionei.
é a saudade da dança.
que anda aqui dentro.
gracias e beijos!